Editorial | A história do nada
Imaginem que se pode contar a história do “nada”.
Algo que fica no existente antes de existir ou depois da sua morte.
Algo que está entre a “coisa” e o “nome”. O seu nome. A sua existência.
Imaginem que, e quem o disse foi Tyrion Lannister (esse mesmo, o do GoT), ou pelo menos citou alguém, que "não há nada no mundo mais poderoso do que uma boa história. Nada pode pará-la. Nenhum inimigo pode derrotá-la.”
E é verdade! Uma história, seja até a história do nada, se for uma boa história, nada a pode vencer. E é esta a ironia do “zero”!
O zero não tem ângulos. É a concepção da perfeição. E o zero é a representação do nada.
E a pergunta é: onde leva toda esta amálgama de palavras? Onde nos leva este texto? Fazem sentido estas últimas linhas? Ou é um conjunto de pequenos “nadas”?
A minha esperança é que toda esta poesia aleatória nos conduza à ironia de que com nada se pode contar uma história. Uma história que se constrói na mudança de linha, uma história sem espólio, sem nada, mas que é auto-suficiente.
E ser auto-suficiente é ser construída segundo o “princípio da arma de Chekhov” que nos diz que se uma arma aparece na parede na primeira cena, deve sair na terceira. Ou por oposição, se está só na terceira... de onde surgiu?
E basta uma mudança repentina de comportamento, uma mudança brusca na forma de escrita que a tal arma deixa de ser possível explicar, para pôr tudo em causa... tudo!
A mensagem de hoje é: não deixem que a verdade vos estrague uma boa história nem tão pouco ignorem o poder que as estórias têm!
Carlos Rosa
Diretor do IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia